Belo Horizonte, 1905 — Rio de Janeiro, 1990

 

Político, ensaísta, memorialista

 

Descendente de velhos troncos mineiros que produziram muitos políticos e intelectuais, era filho de Afrânio de Mello Franco, o primeiro ministro das Relações Exteriores depois da Revolução de 1930. Poucos anos mais tarde, quando sua família rompeu com Vargas por divergências políticas, acompanhou-a na oposição ao governo e foi um dos signatários do Manifesto dos Mineiros, que antecipou a queda do Estado Novo em 1945.

 

Travou contato com Stefan Zweig em 1936, por intermédio de seu cunhado Jaime, Jimmy, Chermont, diplomata encarregado de ciceronear o escritor austríaco em sua primeira viagem ao Brasil. Nas viagens seguintes, em 1940 e 1941, por força das relações de Zweig com a família, voltaram a se encontrar, embora lhe desagradasse o cerco a que o visitante foi submetido pelo grupo de acadêmicos liderados por Cláudio de Sousa. Ajudou na preparação de Brasil, um país do futuro e principalmente quando Zweig, já estabelecido em Petrópolis, resolveu mergulhar na elaboração de um perfil do humanista francês Michel de Montaigne, autor que Afonso Arinos estudara em obra sobre o índio brasileiro. Emprestou ao escritor os Ensaios de Montaigne, na edição de Fortunat Strowski, que também se encontrava no Rio na condição de refugiado, e visitou-o em Petrópolis pouco antes do suicídio, tendo sido o destinatário de uma das cartas de despedida de Zweig, deixada juntamente com um dos cadernos de anotações do trabalho sobre Montaigne. Assinou o necrológio de Zweig no jornal A Manhã.

 

Um dos fundadores da UDN (União Democrática Nacional), exerceu vários mandatos como deputado federal e moveu intransigente oposição ao segundo governo Vargas (1951-1954), da qual, mais tarde, se penitenciou. Eleito senador, iniciou o mandato em 1959 mas interrompeu-o para assumir o Ministério das Relações Exteriores do governo Jânio Quadros, em 1961, quando foi o introdutor da chamada política externa independente. Voltou ao Ministério em 1962, no governo João Goulart, e ao Senado, concluindo o mandato em 1967. Em 1986 foi mais uma vez eleito senador e teve importante participação na Constituinte de 1988.

 

Produziu vasta obra literária, onde se destacam memórias e trabalhos de história, sociologia e direito, e em 1958 tornou-se membro da Academia Brasileira de Letras.

 

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